Temperaturas mais baixas, árvores perdendo as folhas e o gato da família espirrando. Quem é tutor de felino sabe que outono é sinônimo de bichano com “gripe”. Apesar de muitos veterinários não gostarem dessa associação, o complexo respiratório felino, comumente conhecido como rinotraqueíte, é causada por um herpesvírus felino e o calicivirus felino, apresentando sintomas bem próximos dos resfriados em humanos, como espirros, coriza e falta de apetite; e pode prejudicar – e muito – a saúde do pet.
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“Cerca de 85% dos gatos são portadores desses vírus”, revela a médica veterinária Vanessa Zimbres, especializada em medicina felina e responsável pela clínica veterinária Gato É Gente Boa, localizada em Itu, interior de São Paulo.
O tempo frio contribui para uma diminuição na eficácia do sistema imunológico do felino, capaz de ativar o vírus em animais portadores. Além disso, a inflamação causada pela infecção viral favorece a contaminação por bactérias oportunistas, o que agrava os sinais clínicos da doença.
Muitos tutores experientes se surpreendem com a porcentagem de portadores, uma vez que a vacina contra o herpesvírus, calicivirus e clamídia faz parte do esquema básico de vacinação, recomendada para todos os filhotes a partir dos 45 dias. Porém, é preciso ressaltar que a vacina é importante para evitar complicações clínicas da doença, mas não impede que o felino contraia o vírus.
Além de um resfriado
Assim como nos humanos gripados, a maioria dos gatos com rinotraqueíte se recuperam normalmente quando acaba o ciclo do vírus, não precisando do auxílio de medicamentos. Porém, há casos em que a patologia vai além de um resfriado leve, e pode até evoluir para um quadro de pneumonia.
“O vírus pode não ficar retido apenas às vias áreas, atingindo outros locais. Em alguns casos, ele pode causar úlceras na pele do rosto do felino”, relata Vanessa. “Em filhotes, o herpesvírus pode destruir a mucosa nasal e os ossos do nariz, fazendo com que o gato nunca mais deixe de apresentar secreção.”
Uma das complicações que os tutores precisam ficar atentos é com os possíveis problemas oculares. Eles podem aparecer de diversas maneiras, desde uma sujeirinha no olho do pet a até um sério quadro de conjuntivite. Em alguns casos, o herpesvírus é capaz de provocar uma úlcera de córnea, resultando na perfuração do olho do felino. Mesmo nos casos graves, o tutor nunca deve colocar nenhum colírio sem orientação do médico veterinário.
Evitando o contágio
Além das vacinas anuais, uma das maneiras de evitar a rinotraqueíte é justamente evitar o contato do seu pet com outros gatos infectados. Por isso, a recomendação é de que os tutores criem o pet dentro de casa, impedindo que ele saia para a rua. Mesmo assim, ainda existem circunstâncias em que pode ocorrer o contágio, por exemplo, em uma internação.
“É importante conhecer a estrutura do local que irá receber o felino. Uma clínica, por exemplo, precisa ter os gatis de vidro para internação. Se for uma gaiola, ela não impede que os espirros de um gato contaminem o vizinho”, orienta Vanessa. “Às vezes, o gato é internado por um motivo e acaba saindo do local com um problema respiratório.”
Se mesmo com os cuidados você perceber que o gato está indisposto, apresentando coriza e espirros, é importante passar no consultório veterinário. O diagnóstico é realizado por meio da análise clínica e o profissional será capaz de medicar, caso seja necessário combater uma infecção secundária. Muitas vezes, o quadro se desenvolve sem grandes complicações, sendo necessário apenas o acompanhamento. Fique sempre atento, pois a rinotraqueíte acomete gatos de todas as idades e raças, principalmente nas estações mais frias do ano.